Salve salve a todos
Como voces devem estar acompanhando pelo rádio e redes sociais, o coletivo de músicos Serigy All-Stars apoiado por outros coletivos e colegas músicos, inclusive pelo FMS, protocolou na última quinta-feira ao Ministério Público Federal denúncia com cópia anexa de um relatório do Tribunal de Contas da União apontando diversas irregularidades no uso de verbas do Ministério do Turismo para a realização da festa privada Pré-Caju realizada pela ASBT.
A iniciativa dos Serigy All-Star veio logo depois que um estudante que divulgou pela internet matéria do jornal Correio Braziliense a respeito do mal uso do dinheiro público no Pré-Caju foi notificado por oficial de justiça a comparecer perante a Delegacia da Ordem Tributária para prestar esclarecimentos. No entanto não foram intimados os responsáveis pelas irregularidades, os irmãos Fabiano Oliveira e Lourival Oliveira, respectivamente criador do Pré-Caju e presidente da ASBT.
A imprensa local, a exemplo a TV Atalaia, noticiou o fato como um caso de 'mal utilização da internet', tentando distorcer para o grande público a verdade dos fatos e colocando o estudante como o 'bandido' da história. Pela ocasião uma série de manifestações repudiando as atitudes da imprensa e do criador da festa Fabiano Oliveira - que fez a queixa contra o estudante - percorreram a internet, especialmente as redes sociais, e uma cópia do relatório do Tribunal de Contas da União chegou compartilhada nessa onda de manifestações.
O relatório do TCU é um documento técnico oficial que aponta diversas irregularidades no emprego das verbas destinadas por deputados sergipanos e baianos para uso na festa privada Pré-Caju realizada pela ASBT. Festa que recebe anos a fio apoio dos diversos governos estaduais e municipais gerando ônus aos cofres públicos. Um dinheiro que bem poderia ser destinado para fomentar a cultura local e prestar apoio à produção musical de Sergipe.
Pelo contrário, os mega-empresários baianos com suas táticas de indústria voraz invadem o mercado musical sergipano durante o Pré-Caju e perduram ao longo de todo o ano imperando nas festas da capital e interior, dizimando nossa cultura, a reboque do êxito e lucro obtidos na micareta aracajuana paga com dinheiro público.
Alguns poucos colegas sergipanos encontram pequeno espaço dentro da programação do Pré-Caju e infelizmente - ou pela falta de uma reflexão maior dos artistas a respeito do assunto, ou por covardia de se impor contra os coronéis do evento - acabam se contentando com as migalhas.
Parecem não se darem conta de que buscar no poder público uma postura digna e um correto tratamento das verbas lhes dará não apenas uma noite de trabalho no Pré-Caju, mas abrirá as possibilidades para um ambiente propício ao desenvolvimento de toda produção musical sergipana.
Não queremos o fim do Pré-Caju, reconhecemos a simpatia que a população em grande parte estabeleceu com o evento nestes 20 anos. Reconhecemos a geração de renda que ocorre por conta dos quatro dias de festa em janeiro anualmente. Mas temos pela frente mais onze meses nos quais são jogados à míngua músicos, ambulantes, donos de bares, donos de hotéis, taxistas, e todo seguimento citado como beneficiado pelo Pré-Caju. A relação custo/benefício dos gastos públicos empenhados e seu impacto ao longo do ano no mercado turístico e cultural devem ser observados acima da instantânea movimentação de renda gerada durante o mês em que a festa é realizada.
Se é dinheiro público que está sendo usado para realizar o Pré-Caju, exigimos a transparência nos caminhos percorridos por este nosso dinheiro. Exigimos a clara prestação de contas por parte da ASBT. Se é dinheiro público que está sendo utilizado, queremos saber dos senhores deputados que presentearam a prévia carnavalesca com 16 milhões do Ministério do Turismo o porquê destes mesmos recursos não terem sido utilizados, por exemplo, para ressuscitar o Festival de Artes de São Cristóvão que foi abandonado pelos gestores públicos.
Perguntamos porque o governador, prefeito e deputados tão empenhados com a prévia carnavalesca de Fabiano Oliveira e empresários da ASBT, nenhum esforço fizeram junto ao Ministério do Turismo para que Sergipe fosse incluída no roteiro das cidades destino para a Copa de 2014. O objetivo com a criação do roteiro é aumentar o fluxo turístico e a geração de renda e emprego das localidades indicadas. Entre os nove estados nordestinos, Sergipe foi o único que ficou de fora.
Por estas razões, o FMS declara total apoio às manifestações que intimam os governos estadual, municipal e legislativo a reverem suas posturas de apoio irrestrito a esta festa particular preterindo a classe musical sergipana.
Em nome da circulação ao longo de todo ano da nossa produção,
nossa música, e nossa cultura.
Pelo bem de nosso ganho enquanto agentes de entretenimento e arte,
o FMS conclama a todos a firmarem a voz por mais esta causa.
Abraço.
Diretoria do Fórum Música Sergipe
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Ouça A Marchinha do Oficial composta e gravada pelo cantor Henrique Teles inspirado na 'polêmica do mal uso da internet'
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